Gabrielle Chanel nasceu em 1883, na França, em um hospital para indigentes. O pai, caixeiro-viajante, engravidou a mãe, empregada, e deu no pé. Após a morte materna, a menina cresceu em um orfanato mantido por freiras. Deixou o abrigo aos 18 anos e foi para Paris. Trabalhou como balconista de loja e cantora em cafés (o apelido "Coco" vem de uma música que costumava cantar, a respeito de uma menina que lamentava a perda do cachorrinho, Coco). Chanel não era uma garota deslumbrante, mas era atraente por sua postura aristocrática. Graças a um amante, começou a freqüentar a alta sociedade parisiense. E logo notou que seu estilo e figurino - simples, minimalistas - despertavam a atenção das mulheres grã-finas. Esperta, Chanel investiu na costura e na moda. Embora se envergonhasse de sua origem humilde, injetou praticidade em suas criações: ao invés das tradicionais saias compridas e armadas, desenhou calças compridas femininas. Em 1914, o arquiduque austro-húngaro Franz Ferdinand foi morto. Seu assassinato desencadeou uma crise política que culminou por detonar a Primeira Guerra Mundial. E por impulsionar o nascente império Chanel. A guerra introduziu uma nova mentalidade na Europa. A consciência de que economia e escassez eram, querendo ou não, palavras de ordem. Chanel adaptou as adversidades trazidas pelo período bélico às suas criações como estilista: encurtou vestidos, sepultou espartilhos, popularizou tecidos baratos e tipicamente masculinos (como o jérsei e o tweed), lançou a moda esportiva, aproximou o feminino do masculino, o rico do pobre. E, ainda justificada pela guerra, propôs uma nova silhueta. Inspiradas na esbelta Chanel e em cumplicidade com os homens - focados na guerra - as clientes perdiam peso, cortavam os cabelos e ajustavam seus corpos às roupas inovadoras da estilista. Aos 30 anos de idade, Chanel representava o futuro. Morreu em 1971.
Um anos depois, nascia em Gloucestershire, Inglaterra, Alexander Paul Kapranos. Pai grego, mãe inglesa. Ainda criança, mudou-se para a Escócia. Filho da classe média, estudou, trabalhou e resolveu investir em música. Guitarrista, montou juntamente com amigos a sensacional banda de rock Franz Ferdinand. E a ironia: o estilo de Chanel ganhou destaque graças ao impulso dado pelo nome desse nobre assassinado. E graças à personalidade e classe da estilista. O estilo de Kapranos ganhou destaque graças aos mesmos fatores.
Chanel e Kapranos integram aquela categoria única, exclusiva - e para pouquíssimos - dos....naturalmente elegantes e refinados. Como Audrey Hepburn, como Sean Connery. Time composto por donos de biótipos privilegiados, pessoas de extremo bom senso e bom gosto. Nada a ver com classe social, dinheiro ou idade. Chanel sabia que menos era mais. Sabia que a mulher não deveria parecer menos importante do que a roupa que vestia. Simplicidade com elegância e autoconfiança eram os segredos para a classe e para o sucesso. Kapranos também sabe. E abusa das camisas ajustadas, dos terninhos, chapéus. A acentuada magreza - vista por aqui, terra dos bombados, como falta de masculinidade - aliada à humildade, boas maneiras e talento do vocalista garantem um charme imbatível. Raridade, porque é natural, não se trata de imagem calculada e construída (Alex é, espontaneamente, tudo aquilo que o maleta cantor Beck moldou após banho de loja e consultas de estilo). Seja vestido, sem camisa, ou com camiseta da seleção brasileira de futebol, o rapaz não perde o porte de nobre. Um dia, Frank Sinatra representou toda a tradução da classe e elegância de um músico. Agora é a vez do duque Alexander Paul Kapranos.
2 comments:
Oh Alex Kapranos!! ese hombre es muy atractivo, su físico es tan sexy y elegante como su voz. Pero todos los franz Ferdinand tienen algo especial que como músicos los hace únicos: TALENTO, GENIALIDAD Y ELEGANCIA.
"This girl is so spetacular!"
Novamente vem a Ana nos surpreender com mais um texto fantástico:
Passado e presente
Música e moda...
Chanel e Sir kapranos merecem!!
Parabéns Ana
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