"Last night I dreamt that somebody loved me. No hope no harm. Just another false alarm. Last night I felt real arms around me. No hope, no harm. Just another false alarm. So, tell me how long before the last one? And tell me how long before the right one? The story is old - I know but it goes on. The story is old - I know but it goes on. Oh, goes on. And on. Oh, goes on. And on" ("Last Night I Dreamt That Somebody Loved Me", The Smiths).
Um menino tímido ama uma garota, sua vizinha. Mas ama de longe. Então, desenvolve uma técnica de programação de sonhos. Assim, durante o sono, ele encontra a menina, admite seu amor e vive instantes de felicidade. Tudo vai bem, até que algo dá errado. E o garoto fica preso entre o sonho e a realidade.
Esse é o enredo do melhor filme do ano, "The Science of Sleep", que eu ainda não vi. Não rolou estréia, nem aqui, nem nos EUA ou Europa. Mas já é o melhor filme do ano, porque é do diretor francês Michel Gondry. Michel Gondry e seu "Brilho Eterno de Uma Mente Sem Lembranças", de 2004, comoveram o mundo. História de um casal de namorados que se separa e procura um especialista em apagar memórias. Eles querem exterminar as lembranças do romance para evitar a dor do rompimento. O filme virou cult, passa dia sim, dia também, nos Telecines da vida.
Enquanto "Brilho Eterno" carrega na fantasia - a lavagem de arquivos cerebrais indesejados - a história de "The Science of Sleep" encanta porque não é totalmente inverossímil. Quem já não deitou a cabeça no travesseiro, virou para o lado, apagou as luzes e fez figa para ter o sonho invadido por aquela pessoa especial? E, em sonho, vale tudo. Tudo se aceita, tudo se perdoa. Se, de repente, em um campo de papoulas surge o ser amado e você nota que ele/ela assumiu a forma do....Bussunda ou da Regina Casé, não faz mal. Você não vai se importar. Vai curtir o beijo de qualquer maneira. Durante o sono, você pode abrir o coração. Pode pagar micos que arrasariam sua reputação no mundo real (como esse mico aí da foto, que mostra o protagonista do filme fantasiado de gatinho), pode fazer confissões, declarações, reclamações e....tirar dúvidas! "Você gostou de mim, pelo menos um pouquinho?". "Você sente a minha falta?". A possibilidade da resposta ser muito doce é enorme. Afinal, quem escreve os diálogos é o seu subconsciente. Você vai ouvir aquilo que você quer ouvir. Porque sonhos nada mais são do que filmes escritos e dirigidos pelo seu cérebro, projetados na escuridão dos seus olhos fechados e estrelados por você. Se o seu sono dura cerca de oito horas.....que maravilha! Você pode chegar a ter a impressão de que passou um terço do seu dia discutindo com o seu querido ou querida se o novo CD do Snow Patrol é mesmo comercial (é. E por isso mesmo é sensacional). Sonhos, dizem os entendidos, duram segundos, minutos. Mas um bom sonho produz o efeito de uma noite inteira. Só que aí vem o dia seguinte. Em um momento, você estava de mãos dadas com ele ou com ela. Que se desintegra em um abrir de olhos, sem nem ao menos falar "tchau", logo que o alarme do despertador berra "corta"! Aí, acabou. Quem sabe na próxima noite. Até lá, você tem dezesseis longas horas de realidade. Então, melhor vivê-la e não sonhar acordado. Porque, como bem lembra aquela canção do Mercury Rev, "I dreamed of you in my arms, but dreams are always wrong".
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