Friday, September 29, 2006
LS Lowry, Darwin e New Order
Wednesday, September 27, 2006
O Estranho Caso do Cachorro Morto (em Atibaia)
Ontem, após a costumeira hesitação para percorrer os poucos metros entre minha porta e minha mesa, veio a denunciante. Abriu pastinha, puxou boletim de ocorrência, papelada, fita de vídeo, álbum de fotografias e, com pesar, anunciou o bárbaro homicídio do cachorro. Não cachorro dela, mas de uma veterinária. Fui comunicada não na qualidade de promotora de justiça do júri de Atibaia, uma das minhas funções, mas de promotora de justiça do meio ambiente daquela cidade. Cachorro = fauna = meio ambiente. Esse foi o raciocínio da moça. Hummm. Sei. Tá, vai, pode contar o caso. E ela contou com detalhes. Ignorando a promessa do minutinho.
Entendi o seguinte: o cão, pós-operado, estava no quintal da veterinária. Ganiu durante a noite. Um ser demoníaco e insensível invadiu a casa e, a golpes de facão, degolou e esquartejou o outro animal. Evadiu-se na calada da noite, deixando uma pegada no muro escalado (logo me lembrei de um livro, "O Estranho Caso do Cachorro Morto", escrito por Mark Haddon, inglês. História de um menino autista que tenta desvendar o assassinato de um poodle. Ganhou prêmio importante e tal, mas achei meio chatinho). A denunciante: "as fotos do cadáver estão aqui para....". Epa! Nem vem! Não preciso ver foto nenhuma, acredito, acredito! Sou como o molequinho daquele filme de suspense com o Bruce Willis. I see dead people. Todo santo dia encaro laudos mostrando gente perfurada, baleada, esmagada, decomposta. Mas ainda não desenvolvi preparo espiritual para espiar as entranhas de um canino. Pulemos a parte das fotografias.
Eu já olhava tristemente para as pilhas de processos sobre a minha mesa quando avançamos para o nono, décimo minutinho de conversa. E veio então o pedido. Porque ninguém gasta seu tempo na frente de um promotor de justiça, a não ser que tenha algo pra postular. E geralmente esse algo é...justiça. Foi então a mim pedido que eu "só" telefonasse para a delegacia e pedisse para o delegado dar uma "prensa" (!) no principal suspeito do crime, o vizinho. Assim, ele fatalmente confessaria o crime durante o interrogatório. Imaginei aquela cena clássica de filme: quarto escuro, meliante sentado em uma cadeira, luz na cara, policial fazendo carinhos e o doutor berrando: "Assina aí, safado: 'matei o Bolinha'!". Bolinha é nome fictício, porque não sei o nome real do bicho. Eu poderia argumentar, explicando à inconformada que abuso de autoridade e tortura também são crimes...e até mais graves do que maus tratos de animais, dano, invasão de domicílio (os crimes do caso em questão, pois, obviamente, o Direito Penal só admite homicídio se for de gente). Mas fiquei quieta, juntei as provas apresentadas (que incluíam laudo de exame necroscópico de dar inveja à equipe de produção do seriado C.S.I.) e garanti à reclamante que, tão logo o inquérito policial chegasse ao fórum, eu iria me empenhar para que o responsável sentisse os efeitos da mão pesada da lei. Da lei.
Cachorros. Por que cachorros provocam tamanha sensibilização? Fiquei pensando. Não é somente devido à, digamos, fofura. Gatos não causam tanta empatia, e são engraçadinhos também. É que cachorros juntam a tal fofura com....bajulação. Cães são uns tremendos puxa-sacos. Sujeito pode ser o pior terrorista islâmico ou um verme desprezível presidente dos EUA execrado pela Humanidade. Mas não faz mal. Ele certamente será recebido de patas abertas pela comunidade canina, se trouxer biscoitinhos de leite, um sorriso no rosto e disposição para uns afagos na cabeça. E isso comove. O "homicídio" do Bolinha será futuramente julgado por um juiz. Mas, se fosse parar no Júri popular, o julgamento já estaria ganho. Eu conseguiria a condenação do meliante, fácil, fácil. Bastaria escolher juradas vovós, titias, aposentadas, mostrar as fotos da carnificina e....pronto. Sete a zero em tempo recorde. E ainda teria que providenciar escolta policial para o réu, cordão de isolamento para salvá-lo da multidão enfurecida na porta do Plenário. Agora, se a vítima morta fosse um feio, careca e barrigudo - como talvez seja você - eu teria que suar a beca, gastar minha retórica e me desdobrar muito mais para botar o acusado no xadrez. Não duvide. Sorry, é a vida. São milênios de simpatia humana pelos canídeos, afeição que supera a boa-vontade entre os homens. Pois é. Bolinha, minha primeira vítima de três patas. É, três. Porque, além de tudo, era amputada.
Monday, September 25, 2006
Sunday, September 24, 2006
Alex Kapranos e Coco Chanel
Gabrielle Chanel nasceu em 1883, na França, em um hospital para indigentes. O pai, caixeiro-viajante, engravidou a mãe, empregada, e deu no pé. Após a morte materna, a menina cresceu em um orfanato mantido por freiras. Deixou o abrigo aos 18 anos e foi para Paris. Trabalhou como balconista de loja e cantora em cafés (o apelido "Coco" vem de uma música que costumava cantar, a respeito de uma menina que lamentava a perda do cachorrinho, Coco). Chanel não era uma garota deslumbrante, mas era atraente por sua postura aristocrática. Graças a um amante, começou a freqüentar a alta sociedade parisiense. E logo notou que seu estilo e figurino - simples, minimalistas - despertavam a atenção das mulheres grã-finas. Esperta, Chanel investiu na costura e na moda. Embora se envergonhasse de sua origem humilde, injetou praticidade em suas criações: ao invés das tradicionais saias compridas e armadas, desenhou calças compridas femininas. Em 1914, o arquiduque austro-húngaro Franz Ferdinand foi morto. Seu assassinato desencadeou uma crise política que culminou por detonar a Primeira Guerra Mundial. E por impulsionar o nascente império Chanel. A guerra introduziu uma nova mentalidade na Europa. A consciência de que economia e escassez eram, querendo ou não, palavras de ordem. Chanel adaptou as adversidades trazidas pelo período bélico às suas criações como estilista: encurtou vestidos, sepultou espartilhos, popularizou tecidos baratos e tipicamente masculinos (como o jérsei e o tweed), lançou a moda esportiva, aproximou o feminino do masculino, o rico do pobre. E, ainda justificada pela guerra, propôs uma nova silhueta. Inspiradas na esbelta Chanel e em cumplicidade com os homens - focados na guerra - as clientes perdiam peso, cortavam os cabelos e ajustavam seus corpos às roupas inovadoras da estilista. Aos 30 anos de idade, Chanel representava o futuro. Morreu em 1971.
Saturday, September 23, 2006
Friday, September 22, 2006
Tuesday, September 19, 2006
The Cold Girl
Isabel Monteiro sumiu. Alguém reparou? Alguém se lembra dela? Alguém sabe que ela é brasileira, se mandou para a Inglaterra há anos e foi (é?) vocalista do Drugstore? Alguém se tocou de que Isabel Monteiro fez bonito e mandou bem lá fora muito antes do que a molecada do chatinho Cansei de Ser Sexy? Alguém percebeu que a frágil Isabel Monteiro nada tinha de sexy, nem de poser, nem da arrogância indie brazuca? Alguém tem noção de que Isabel Monteiro era tão verdadeira e autêntica que até Thom Yorke topou acompanhar sua voz em uma canção do Drugstore? Alguém já prestou atenção nas letras que Isabel Monteiro compôs para o Drugstore? Alguém já ouviu "Say Hello" e se emocionou? Alguém acha que o timbre glacial da voz de Isabel Monteiro maravilhava porque era tristeza pura? Alguém sentia pena dela?
Monday, September 18, 2006
Wednesday, September 13, 2006
Saturday, September 09, 2006
Camille Claudel, PJ Harvey e Céline Curiol
Wednesday, September 06, 2006
Folhateen
Beijos
Ana