Sunday, August 20, 2006

A Noite dos Desesperados por Rock


"Radio, live transmission. Radio, live transmission. Listen to the silence, let it ring on. Eyes, dark grey lenses frightened of the sun. We would have a fine time living in the night, left to blind destruction, waiting for our sight. And we would go on as though nothing was wrong. And hide from these days we remained all alone. Staying in the same place, just staying out the time. Touching from a distance, further all the time. Dance, dance, dance, dance, dance, to the radio. Dance, dance, dance, dance, dance, to the radio...Well I could call out when the going gets tough. The things that we've learnt are no longer enough. No language, just sound, that's all we need know, to synchronise love to the beat of the show. And we could dance. Dance, dance, dance, dance, dance, to the radio. Dance, dance, dance, dance, dance, to the radio..." ("Transmission", Joy Division).
Em 1969, Sydney Pollack filmou "A Noite dos Desesperados" ("They Shoot Horses, Don´t They?"). Jane Fonda era a atriz principal. O foco da história: uma Maratona de Dança. Maratonas de Dança foram competições desumanas que proliferaram nos EUA, na década de 30, durante a Depressão. Americanos desempregados aceitavam dançar por horas e horas, quase ininterruptamente, na esperança de faturar um pouco de dinheiro. Venciam aqueles que, mesmo no limite da exaustão, se mantinham em pé até a queda do último oponente.
Dia 19 de agosto de 2006, Brasil, São Paulo. Festa do Garagem. O melhor programa de rádio (via internet) da galáxia. Paulo César Martin e André Barcinski colocam paulistanos empregados e desempregados pra dançar por horas e horas, quase ininterruptamente. De graça. Como Fabio Nipoluso, que encara a pista de dança com a seriedade e concentração de quem participa de uma maratona. Eu me atrevi a competir com Nipoluso. Foram quatro horas de embate. Apenas com algumas paradas estratégicas, para tomar líquidos e para me livrar deles. Às quatro da matina, já com sangue (!) no pé, me rendi. Nipoluso, inabalável e serelepe, ainda lembrava aquele coelhinho de pelúcia na propaganda de pilhas. Derrotada e humilhada, fui embora, meio manquitola. Nipoluso inaugurou e, certamente, encerrou a pista de dança. Vive na época errada, no país errado. Teria feito fortuna durante a Depressão, graças a seus dons genekellyanos.
Nipoluso poderia ter estrelado a "Noite dos Desesperados". Pobre Jane Fonda.

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