Saturday, August 26, 2006

Urbanation


Baladas alternativas, lojas de roupas, decoração, quinquilharias em geral. Feirinhas descoladas, restaurantes exóticos, bares moderninhos, bandas e DJs bacanas. Enfim, os cantinhos mais cool de Londres, Paris, New York, Tokyo e Berlim. Site-guia megalegal para complementar os livros-guias de turismo. Indica endereços reais e virtuais. Vale a pena conferir: http://www.urbanation.tv/

Monday, August 21, 2006

London Calling


De 02 de outubro a 11 de outubro de 2006.

Alone, again. Por minha conta e risco. À caça do show perfeito....

Sunday, August 20, 2006

A Noite dos Desesperados por Rock


"Radio, live transmission. Radio, live transmission. Listen to the silence, let it ring on. Eyes, dark grey lenses frightened of the sun. We would have a fine time living in the night, left to blind destruction, waiting for our sight. And we would go on as though nothing was wrong. And hide from these days we remained all alone. Staying in the same place, just staying out the time. Touching from a distance, further all the time. Dance, dance, dance, dance, dance, to the radio. Dance, dance, dance, dance, dance, to the radio...Well I could call out when the going gets tough. The things that we've learnt are no longer enough. No language, just sound, that's all we need know, to synchronise love to the beat of the show. And we could dance. Dance, dance, dance, dance, dance, to the radio. Dance, dance, dance, dance, dance, to the radio..." ("Transmission", Joy Division).
Em 1969, Sydney Pollack filmou "A Noite dos Desesperados" ("They Shoot Horses, Don´t They?"). Jane Fonda era a atriz principal. O foco da história: uma Maratona de Dança. Maratonas de Dança foram competições desumanas que proliferaram nos EUA, na década de 30, durante a Depressão. Americanos desempregados aceitavam dançar por horas e horas, quase ininterruptamente, na esperança de faturar um pouco de dinheiro. Venciam aqueles que, mesmo no limite da exaustão, se mantinham em pé até a queda do último oponente.
Dia 19 de agosto de 2006, Brasil, São Paulo. Festa do Garagem. O melhor programa de rádio (via internet) da galáxia. Paulo César Martin e André Barcinski colocam paulistanos empregados e desempregados pra dançar por horas e horas, quase ininterruptamente. De graça. Como Fabio Nipoluso, que encara a pista de dança com a seriedade e concentração de quem participa de uma maratona. Eu me atrevi a competir com Nipoluso. Foram quatro horas de embate. Apenas com algumas paradas estratégicas, para tomar líquidos e para me livrar deles. Às quatro da matina, já com sangue (!) no pé, me rendi. Nipoluso, inabalável e serelepe, ainda lembrava aquele coelhinho de pelúcia na propaganda de pilhas. Derrotada e humilhada, fui embora, meio manquitola. Nipoluso inaugurou e, certamente, encerrou a pista de dança. Vive na época errada, no país errado. Teria feito fortuna durante a Depressão, graças a seus dons genekellyanos.
Nipoluso poderia ter estrelado a "Noite dos Desesperados". Pobre Jane Fonda.

Sunday, August 13, 2006

The Fall Of Icarus - Chagall - 1975

"All your dreams are over now/And all your wings have fallen down/Oh all your dreams are over now/And all your wings have fallen down/She's just like you/So why keep doing what you do/Why cut a friend/Why cruise that mean lean to an end/You could have heel toed/To another place/You could have peeled slow/To a better face/But your heart can't grieve/ For your little dreams/Oh no your heart can't grieve/Not for your little dreams/All your dreams are over now/And all your wings have fallen down/All your dreams are over now/And all your wings have fallen down/Broke trust in two/Now no one's looking out for you/Why keep it cruel/Why waste so much to play the fool/And maybe I'm the fool but I think we'd find/That we could all be so so kind/If you'd just leave your tread mill powertrip behind/Oh leave your treadmill powertrip behind/And maybe it's best that you're so so blind/It's best that your so so blind/Because your heart can't grieve/I know your heart can't grieve/I know your heart can't grieve/What your eyes won't see/But you were my favorite moment/Of our dead century/I know your heart can't grieve/What your eyes won't see/But you were my favorite moment/Of our dead century/But all your dreams are over now/And all your wings have fallen down/Oh all your dreams are over now/And all your wings have fallen down/Oh warfarin' terrapin/Unconfined undesigned/Undersigned bantering/Bartering bellowing/Barracking blundering/Pillaging plundering/Living and lavishing/Hammerings harrowing/Flourishing flattening/Levelling reveling/Wrecking and ravaging/Savoring savaging/Oh warfarrin terrapin/Unconfined undesigned/You've got me worried and wondering/All your dreams are over now/And all your wings have fallen down/All your dreams are over now".
("Dreams", TV On The Radio)

Egon Schiele e Gang Of Four


"Everybody is in too many pieces
No-man´s-land surrounds our desires
To crack the shell we mix with others
Some lie in the arms of lovers"

We live as we dream, alone
(Gang Of Four)

Sunday, August 06, 2006

Quando a Arte vira Rock, Parte XXIV



"Death" (Sandman), de Jamie Hewlett, e Tony Halliday, vocalista do "Curve".

Saturday, August 05, 2006

Basquiat e TV On The Radio




Caos, turbulência, fúria e solidão. Elementos presentes nas pinturas de Jean-Michel Basquiat, artista que nasceu, cresceu e espalhou cores e traços precisos de grafite pelos muros do Brooklyn, em Nova Yorque. Arte marginal, que contestava padrões estabelecidos. Sim, um negro podia alcançar reconhecimento como pintor, ter suas obras expostas em galerias descoladas e adquiridas por colecionadores de arte independente. Jovem de carreira promissora que foi surpreendido pela morte, aos 28 anos, por overdose. Mas, hoje, suas pinturas repletas de contrastes ainda encantam os olhos da gente.
Caos, turbulência, fúria e solidão. Elementos presentes na música do TV On The Radio, banda que nasceu, cresceu e espalhou sons e melodias precisas para além dos muros do Brooklyn, em Nova Yorque. Arte marginal, que contestava padrões estabelecidos. Sim, rapazes negros podiam alcançar reconhecimento como banda de rock, ter suas canções mostradas em clubes descolados e seus CDs adquiridos por colecionadores de música independente. Jovens de carreira promissora, na faixa dos 30 anos, que surpreendem a cada álbum lançado. Hoje, suas canções repletas de contrastes encantam os ouvidos da gente. Hoje e, tomara, ainda por muito tempo.

Friday, August 04, 2006

Tuesday, August 01, 2006

Thurston Moore e Meninos



"I ripped your heart out from your chest. Replaced it with a grenade blast. Incinerate. The firefighters hose me down. I don´t care, I´ll burn out anyhow. It´s four alarm-girl, nothing to see. Hear the sirens come for me. You doused my soul with gasoline. You flicked a match into my brain. Incinerate. The firefighters are so nice. I remember you so cold as ice. The flames are licking at your feet. The sirens come to put me out of misery. You wave your torch into my eyes. Flamethrower lover burning mind. Incinerate" ("Incinerate", Sonic Youth).
Luiz Henrique era meu amigo de faculdade. Apaixonado pela Giovana, que também estudou comigo. Certas férias, ela viajou para a Europa. Ele, perdido, desceu até Santos, cidade dela. Levou um amigo. Só para tirar fotos, posando de braços abertos, na frente do prédio onde ela morava. E para mandá-las para a França. Sob meus protestos, que o chamei de ridículo. Mas ele queria que a Giovana risse. Riu mesmo. Junto com o novo namorado brasileiro, que ela arranjou por lá. Luiz ficou mal. Eu não perdi a oportunidade de cutucá-lo: "eu te disse".
Lembrei dessa história ao ouvir, pela centésima rotação, "Incinerate", música que está no CD mais recente do Sonic Youth. É sensacional. Uma delícia de escutar. Principal motivo: é uma dessas acertadas e genuínas canções que conseguem exprimir a tímida e desajeitada angústia adolescente. Mas aflição de menino. De moleque que convida a vizinha de carteira escolar para jogar videogame, porque tem medo de ouvir "não" caso ouse sugerir um cinema...
E o mais legal: "Incinerate" é obra de um...tiozinho! Thurston Moore, que faz 48 (!) anos no próximo dia 25. Ruivo, sardentinho, franja caindo sobre os olhos....feições de calouro de universidade. Se rolasse uma eleição para a escolha do "moleque" símbolo do recém-denominado movimento "grup" (isto é, formado pelos trintões e quarentões que preservam hábitos juvenis. Tipo amar mini hot dog e Fanta Uva), meu voto iria para ele. Com menção honrosa. Só pela letra mega bacana de "Incinerate".
"Incinerate" foi um tapa na minha cara. Mas não na minha cara atual. Na cara da menina insensível que - confesso - inúmeras vezes fui. Por exemplo, aos seis anos. Quando infernizava a vida do Mathias, no pré-primário. Mathias nasceu no mesmo dia e na mesma maternidade (!) que eu. Nossas mães queriam nos unir. E eu, por birra, bolava planos malignos. Escondia os lápis de cor dele, torcia para que o coitado despencasse do escorregador. Enquanto isso, ele, quietinho, guardava a lancheira, no armário da sala de aula, grudada na minha. Para se sentir querido.
Depois, aos dez anos, terminei o "namoro" com o Robin (ele era filho de uma inglesa, daí o nome). E fiz questão de falar o motivo: ele só sabia conversar sobre o seriado "A Super Máquina". Ele, magoado, disse que eu iria me arrepender. Não me arrependi. Então ele parou de falar comigo.
Já na faculdade, André Nirvana. Na época, meu segundo melhor amigo. Clone perfeito de Kurt Cobain. Na aparência e nas atitudes...pouco saudáveis. Toda festa, o André chapava. Misturava cerveja, Filosofia do Direito, discurso sobre a necessidade de eu conhecer a discografia completa dos Sex Pistols....e desmaiava no meu colo, todo babado. Eu ficava puta. Demorou pra eu me tocar de que ele sempre escolhia aquela posição - desacordado e abraçado na minha cintura - para impedir que eu fosse embora.
Se fosse possível eu ter ouvido, e compreendido, "Incinerate" a partir dos seis anos....teria feito tudo diferente. Teria feito esforço para tratar o Mathias com simpatia, e oferecer um pedaço do meu chocolate na hora do recreio. Teria assistido a um episódio da "Super Máquina", e comentado com o Robin que realmente o carro do mocinho era indestrutível. Teria dado uma bronca na Giovana, calado minha boca diante do sofrimento do Luiz. Não teria largado o André, dormindo em um banco duro do pátio da SanFran, para ir atrás de um cabeludo fã do Whitesnake...
Agora já foi. Não dá mais tempo para me desculpar. Mas, para compensar, nunca vou esquecer de "Incinerate". E se, algum dia, tiver uma filhinha, explicar pra ela que um ruivo desengonçado chamado Thurston Moore pode ensiná-la a respeitar os sentimentos dos meninos...